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quarta-feira, março 09, 2016

A Teoria do Big Bang e o relato bíblico da Criação.





Shalom, Shalom!

Nossa, quanto tempo não posto nada no blog. Vida corrida, crise, estudos... Bom, recebi da amiga Luciana Unis a indicação desse texto do Gerald Schroeder. Esse é o terceiro texto dele que eu publico aqui no blog. Sendo que o primeiro foi traduzido por mim. 

Bom, não vou me estender, segue o texto:


A Teoria do Big Bang e o relato bíblico da Criação.


Dr. Gerald Schroeder

Gerald Schroeder é um cientista com mais de trinta anos de experiência em pesquisa e ensino. Obteve seu bacharelado, mestrado e doutorado diretamente do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT, considerado um dos melhores e mais brilhantes institutos de engenharia do mundo. 

Entre os assuntos analisados estão as coincidências e as diferenças entre a Teoria do Big Bang e o relato bíblico da Criação, as inexploradas consequências da criação ex nihilo, as controvérsias envolvendo a idade do Universo, o estado do nosso planeta durante sua criação, as forças naturais usadas pelo Criador para recondicionar esse mundo e o enigma da natureza da luz primeva.

O objetivo é elucidar um mistério com o qual algumas das mentes mais criativas se debateram por séculos. Como disse certa vez o físico britânico James Hopwood Jeans (1877-1946): “O Universo parece ter sido desenhado por um matemático puro”. [1]

Nos anos 40, o regime comunista soviético rejeitou completamente as conclusões de Hubble e Gamow – conhecida como Teoria do Big Bang – apesar de sua consistência científica, baseados em que suas hipóteses não combinavam com os princípios da ideologia marxista leninista (isto é, o ateísmo). A opinião dos soviéticos sobre o Big Bang foi sumarizada pelo camarada Andre Zhdanov: “Falsificadores da ciência querem fazer reviver o conto de fadas sobre a origem do mundo a partir do nada” [2]

Os soviéticos perseguiram os físicos que apoiavam a Teoria do Big Bang. Alguns cientistas pagaram com a vida por esse apoio, como Matvei Bronstein, que foi fuzilado após ser acusado de espionagem.

Como afirmou o físico inglês, laureado com o Prêmio Novel, George Thomson: “Provavelmente, cada cientista acreditaria na Criação narrada na Bíblia se, infelizmente, não tivesse dito alguma coisa anteriormente que pareceria agora ultrapassada”. [3]

Como qualquer pessoa que já leu os versículos iniciais da Bíblia bem sabe, essas poucas palavras que relatam como Deus trouxe a nossa realidade à existência são fascinantemente densas, desafiadoras e crípticas, e se referem a um assunto ao qual somos naturalmente atraídos: o início da vida.

A questão da origem da nossa existência, do planeta que chamamos de nosso lar e do Universo ao qual estamos familiarizados sempre engajou pessoas de todas as idades e credos no decorrer da História. Nenhum outro conjunto de palavras gerou tantos estudos; nenhum outro conjunto de sentenças provocou mais discussões inteligentes e nenhuma outra passagem despertou tanta curiosidade quanto o relato bíblico do Gênesis – o início do universo.

Referências:
[1] Jeans, James. The Mysterious Universe. New York: Macmillan, 1937. Pg. 122.
[2] Singh, Simon. Big Bang: The Origin of the Universe. New York: Fourth Estate, 2004. Pg. 363
[3] Otto Struve, Continuous Creation, Astronomical Society of the Pacific: Leaflets, vol. 6, 1951. Pg. 154.

Tradução: Renan Poço
Revisão: cpac

_______________________________________________-
Dr. Gerald Schroeder obteve os titulos de Bacharel, Mestre e Doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). É autor dos livros Genesis and the Big Bang, sobre a descoberta da harmonia entre a ciência moderna e a Bíblia, editado pela Bantam Doubleday e já traduzido em sete idiomas; The Science of G-d e The Hidden Face of G-d, editados pela divisão Free Press da Editora Simon & Schuster. Leciona na Faculdade de Estudos Judaicos “Aish HaTorah”.

terça-feira, outubro 15, 2013

[Ciência] A Bíblia é contra a evolução?


Adão teve ancestrais?

Por Dr. Gerald Schroeder*

A revista, Scientific American traz, com freqüência, artigos que tratam de algum aspecto da origem humana. Mas nenhum jamais menciona Adão e Eva.
 A omissão não surpreende. As pesquisas científicas lidam com aspectos físicos da realidade, enquanto a criação bíblica de Adão está relacionada com a espiritualidade da neshamá, a alma da humanidade insuflada por D’us em Adão, há quase 6.000 anos, em Rosh Hashaná. Esta é a criação singular descrita em Gênese 1:27.

E o corpo de Adão? Será que também foi uma criação especial? Ou será que existe a possibilidade do corpo humano ter-se desenvolvido através dos tempos, até se tornar um recipiente capaz de receber e conter a neshamá, a alma humana? (A título de esclarecimento, o termo “Adam” refere-se a homem e mulher, como menciona a Bíblia em Gênese 5:2, algo como “ser humano”).

Anatomicamente, o corpo humano parece de fato estar relacionado com formas de vida menos complexas. Muitas das enzimas que controlam as funções humanas são réplicas quase perfeitas das encontradas em outros filos, ou reinos. O gene que controla o posicionamento e a orientação do braço humano é encontrado em todos os vertebrados e também nos insetos. A semelhança é tamanha que quando porções deste gene humano são implantadas no genoma da mosca drosófila, determinam o posicionamento e a orientação da asa da mosca. O mesmo serve para os genes que controlam o desenvolvimento do olho e um grande número de outros. Estes genes têm mais de cem pontos ativos. A semelhança entre eles pode não ter sido mera coincidência. Para os cientistas, estes fatos indicam a existência de um ancestral comum. Os ossos dos membros inferiores do crocodilo e a nadadeira da baleia bicuda são os mesmos do braço e mão de um homem; diferem no comprimento, é claro, mas todos os ossos existem. A estrutura do cérebro humano espelha o cérebro de ratos e macacos. O embrião humano desenvolve uma bolsa de gema semelhante à gema das ovas dos peixes, a seguir uma cauda e, então, a pele prega-se de forma semelhante às fendas das guelras. A ontogenia do feto humano parece ser uma recapitulação da filogenia, lembrando sempre que, em cada estágio, é a estrutura primitiva ou juvenil – e não a adulta – que se forma no feto.

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Apesar de serem escassos e incompletos os fósseis atribuídos ao Homo habilis e ao Homo erectus, quando se alcança o estrato de 50.000 anos atrás, muitos fósseis do “homem de Cro-Magnon” são encontrados em número suficiente para encher os museus. O fóssil do “homem de Cro-Magnon” é uma cópia exata do esqueleto do homem moderno, inclusive no formato e capacidade cranianas.
As publicações científicas sobre esses fósseis e os artefatos a eles associados não são fruto da maquinação de alguns cientistas loucos. Existem evidências esmagadoras tanto sobre a invenção da agricultura, há 10.000 anos, como da tecelagem, há 9.000 anos, e da olearia, há 8.000 anos. Existem pinturas em caverna que datam de 10 a 30 mil anos atrás. Do ponto de vista teológico, desmentir estas evidências é contraproducente.

Aliás, não há por que negá-las, desde que acreditemos que sejam válidas as interpretações bíblicas do Talmud feitas por grandes sábios como Onkelos, Rashi, Maimônides e Nachmânides.

A primeira objeção à possibilidade de Adão ter um ancestral é temporal. Agricultura há 10.000 anos? Como pode ser verdade, se afirmamos que neste Rosh Hashaná, setembro de 2002, o mundo completará 5763 anos? Onde ficaram os anos que faltam? Em Leviticus Rabá (29:1), como em outras fontes, constatamos algo com que todos os sábios concordam: Rosh Hashaná comemora a criação da alma de Adão e os “Seis dias da Gênese” não estão incluídos nos anos do calendário. No entanto, o Talmud (Haguigá 12A) e Rashi, baseando-se no versículo “Era tarde e era manhã, um dia” (Gênese 1:5), informam-nos que os dias da Gênese são de 24 horas, desde o “primeiro dia”. Se cada dia tem 24 horas, por que então excluir esses seis primeiros dias, de 24 horas, do restante dos dias – também de 24 horas – que se seguem à criação de Adão? Nachmânides nos dá uma resposta: estes primeiros seis dias contêm todas as eras e todos os segredos do universo (comentário em Êxodo 21:2 e Levítico 25:2). Foi necessária a descoberta de Einstein sobre a relatividade do tempo para resolver o aparente paradoxo: como poderiam todas as eras do universo estar contidas em apenas seis dias, de 24 horas cada? Se olharmos a Criação de uma maneira retrospectiva, usando o hoje como ponto de partida, nosso imenso universo aparenta ter de 10 a 20 bilhões de anos. Mas se olharmos para a Criação projetando-a para o futuro, da forma como é descrita no capítulo 1 do livro Gênese, visualizando o universo a partir de uma época em que seu tamanho era 1.012 vezes menor do que é atualmente, ou seja, a partir do primeiro dia, o universo pareceria ter meros seis dias de vida. Esta é a natureza de “tempo” em um mundo em que as leis de relatividade fazem parte das leis da natureza.

A interpretação padrão do redshift (o deslocamento para o vermelho, fenômeno causado pelo aumento do comprimento da onda de radiação e a redução simultânea da freqüência de radiação) – como efeito da expansão do universo – prevê que o mesmo fator de deslocamento aplica-se a índices observados de ocorrência de eventos distantes, mesmo quando a época é tão anterior que o fator não possa ser observado na radiação detectada. Então o tempo da existência da agricultura é de 10.000 anos e das pinturas nas cavernas de 30.000 anos. A pergunta é se estas invenções anteriores a Adão ameaçam a visão da Torá sobre nossas origens.

A união de teologia e paleontologia -

“E D’us disse: Façamos o homem (em hebraico, Adam)” (Gên. 2:7);  “E D’us criou o homem (em hebraico, Adam)” (Gên. :27)Aqui a Torá nos ensina que Adão é “feito” e “criado”. Nós até sabemos a matéria-prima utilizada para sua produção. “D’us formou o homem do pó da terra” (Gên. 2:7). Mas se analisarmos paralelamente duas passagens da Bíblia: “No início, D’us criou o céu e a terra” (Gênese 1:1) e “pois que em seis dias D’us fez os céus e terra” (Êxodo 31:17), constatamos que enquanto o uso bíblico da palavra “criação” sugere uma ação instantânea de D’us, “fazer” na linguagem bíblica é um processo que exige tanto matéria quanto tempo, como está dito: “pois que em seis dias”. Com o passar do tempo, algo foi criado - Adão, mas este ser não estava completo. Faltava-lhe receber a alma da vida humana. Se a formação e o desenvolvimento do homem – de Adão – foi um processo que durou um milésimo de segundo ou milhões de anos, não é algo que a Torá deixe claro. Alguns versos nos dão uma pista, talvez uma resposta definitiva.
O Talmud (Eruvim 18A) se detém sobre o nascimento de Set, terceiro filho de Adão e Eva, analisando por que a Torá relata duas vezes seu nascimento.
“E tornou Adão a conhecer sua mulher, e ela deu a luz um filho a quem chamou Set” (Gênese 4:25).
“E viveu Adão 130 anos, e ele teve um filho à sua semelhança e forma. Ele o chamou de Set” (Gênese 5:3).

Segundo o Talmud, estes dois versos revelam que, após o assassinato de Abel por Caim, Adão e Eva se separaram maritalmente por 130 anos, e somente então Adão deitou-se “novamente” com Eva. Durante estes 130 anos, Adão procriou filhos com outros seres, não com Eva. O Radak comenta que esses filhos eram de fato crianças. Faltava-lhes, no entanto, a neshamá, a alma, para torná-los seres humanos. Maimônides (Guia 1:7), baseado em Eruvim e no Zohar, descreve estas crianças como sendo seres humanos em forma e inteligência, mas nada humanos em espiritualidade.
Nachmânides concentra-se num prefixo supérfluo, lamed, em hebraico, que transmite a idéia de transformação através de uma ação externa. No caso, o insuflar da alma. Assim, “... e soprou por suas narinas a neshamá da vida e Adão transformou-se em uma alma viva”.

Segundo o comentário de Nachmânides, um dos maiores sábios e cabalistas, a preposição “em” é usada para indicar uma mudança na essência da personalidade e “pode ser que o verso esteja afirmando que Adão era um ser vivo completo e a neshamá o transformou em outro homem”. Outro homem! De acordo com Nachmânides, havia um homem antes da criação da neshamá, mas aquele ser hominídio não era exatamente humano.

Onkelos resumiu tudo isso, 400 anos antes do Talmud e mil anos antes de Nachmânides. A expressão nefesh chayá, uma alma viva, aparece três vezes nesta porção da Torá: para animais que vivem na água (Gên. 1:20), para animais que vivem sobre a terra (Gên. 1:24) e para humanos como “... em uma alma viva” (Gên. 2:7). Nos primeiros dois casos, Onkelos traduz o termo literalmente, “uma alma viva”. Mas para os seres humanos, por causa da preposição “em”, Onkelos traduz o termo como “e Adão transformou-se em um espírito falante”.

As primeiras grandes civilizações surgiram na área conhecida como
Crescente Fértil aproximadamente 5000 à 6000 anos atrás.
 Na mesma época  na qual o homem desenvolveu a escrita e também
a época na qual a Bíblia cita o nascimento da Neshamah de Adão. 
A capacidade de se comunicar espiritualmente é o que faz os homens serem diferentes de todos os outros animais. Não é nossa força, nem nossa inteligência. Mas nossa espiritualidade. A fala é, nos homens, o elo entre os aspectos físicos e espirituais da existência. É a neshamá que faz esta ligação e nos impele a sentir a unidade transcendental que permeia toda a existência e da qual trata o Shemá: “Ouve, Israel, o Eterno é teu D’us, o Eterno é Um”. A unicidade transcendental é a marca do Eterno. Hominídios, com feições humanas, co-existiram e precederam Adão.
Os antigos comentaristas bíblicos estavam cientes dessa realidade. A descoberta de seus fósseis não constitui surpresa para a Torá. Na definição bíblica, um homem é um animal – um hominídio – no qual foi insuflada a alma criada, a neshamá. Apesar de a neshamá não deixar nenhum vestígio fossilizado para provar sua aparição na história da humanidade, o efeito de sua criação está claramente gravado nos achados arqueológicos. A escrita, o comércio e o surgimento das grandes cidades datam de 5.000 a 6.000 anos atrás, a época de Adão. A escrita foi criada para satisfazer as necessidades de se manterem registros sobre o comércio; e o comércio, por sua vez, foi criado para satisfazer as necessidades materiais das grandes cidades. A pergunta que permanece sem resposta, então, é: por que as grandes cidades emergiram nesta época?

Minha sugestão de resposta é que a espiritualidade dos humanos concedida pela neshamá e o desejo de transmitir esta espiritualidade para os outros foi a força motriz que transformou a civilização de grupos de aldeias formadas por clãs em cidades, como Uruk e Ur, na Mesopotâmia.
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* Gerald Schroeder obteve os titulos de Bacharel, Mestre e Doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). É autor dos livros Genesis and the Big Bang, sobre a descoberta da harmonia entre a ciência moderna e a Bíblia, editado pela Bantam Doubleday e já traduzido em sete idiomas; The Science of G-d e The Hidden Face of G-d, editados pela divisão Free Press da Editora Simon & Schuster. Leciona na Faculdade de Estudos Judaicos “Aish HaTorah”


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quinta-feira, setembro 26, 2013

A idade do Universo.


Bom, como estamos no início desse blog. Sendo este o primeiro artigo que publico, nada melhor que começar do início. E não há época melhor, pois estamos na semana de estudo da Parashá Bereshit onde reiniciamos o ciclo anual de leitura da Torah. E espero iniciar com chave de ouro, com esse artigo do Dr. Gerald Schroder que foi publicado a alguns anos no site aish.com

A idade do universo

(Dr. Gerald Schroder)

Uma das contradições mais óbvias percebidas entre a Torá e a ciência é a idade do universo. São bilhões de anos , como os dados científicos , ou são milhares de anos , como os dados bíblicos ? Quando somamos as gerações da Bíblia, chegamos a 5.700 anos e mais . Considerando os dados do telescópio Hubble ou a partir dos telescópios terrestres no Havaí , indicam a idade de cerca de 15 bilhões de anos.

Deixe-me esclarecer logo no início. O mundo pode ser de apenas alguns 6.000 anos de idade. Deus poderia ter colocado os fósseis no chão e malabarismos com a luz que chega de galáxias distantes para fazer o mundo parecer ter bilhões de anos de idade. Não há absolutamente nenhuma maneira de refutar essa afirmação. Deus sendo infinito poderia ter feito o mundo dessa forma. Há outra abordagem possível, que também concorda com a descrição dos antigos comentaristas sobre Deus e da natureza. O mundo pode ser jovem e velho ao mesmo tempo. Neste caso, considero a última opção.

Na tentativa de resolver este conflito aparente, é interessante olhar historicamente as tendências do conhecimento, porque as provas absolutas não são próximas . Mas o que está disponível é o olhar para como a ciência mudou sua imagem do mundo , relativamente à imagem imutável da Torá. (Eu me recuso a usar comentários bíblicos modernos , porque já se conhece a ciência moderna , e é sempre influenciada por esse conhecimento. Há tendência é dobrar a Bíblia para coincidir com a ciência. )

Então, os únicos dados que eu uso , assim como os comentários bíblico vem dos comentários antigos . Isso significa que o texto da própria Bíblia ( 3300 anos atrás), a tradução da Torá para o aramaico por Onkelos (100 dC), o Talmud (redigido por volta do ano 500 EC), e os três principais comentaristas da Torá. Há muitos, muitos comentaristas , mas no topo da montanha há três, aceito por todos: Rashi (século XI, França) , que traz o entendimento direto do texto, Maimônides (século XII, Egito ), que lida com os conceitos filosóficos e, em seguida, Nachmânides (século XIII, Espanha) , o mais antigo dos cabalistas .

Estes comentários antigos foram finalizados muito antes que Hubble fosse um brilho nos olhos de seu bisavô.

Portanto, não há possibilidade de Hubble ou quaisquer outros dados científicos modernos influenciassem esses conceitos.

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A Bíblia é contra a evolução?

Universo com um começo

Em 1959, uma pesquisa foi realizada dos principais cientistas americanos. Dentre as muitas perguntas feitas, havia: " Qual é o seu conceito de idade do universo ? " Em 1959 , a astronomia era popular, mas a cosmologia - a profunda física de compreender o universo - estava em desenvolvimento. A resposta a essa pesquisa foi recentemente republicado na Scientific American - a revista científica mais lida no mundo. Dois terços dos cientistas deram a mesma resposta: "Início? Não houve início. Aristóteles e Platão nos ensinou 2.400 anos atrás, que o universo é eterno. Oh, nós sabemos que a Bíblia diz: No início. É uma bela história, mas nós sofisticados sabemos melhor. Não houve começo."

Depois de 3000 anos de discussão, a ciência chegou a concordar com a Torá.

Era 1959. Em 1965, Penzias e Wilson descobriram o eco do Big Bang na escuridão do céu durante a noite, e o paradigma do mundo mudou a partir de um universo que era eterno a um universo que teve um começo. Depois de 3000 anos de discussão, a ciência chegou a concordar com a Torá.

A partir de Rosh Hashaná.

Há quanto tempo o "Início" ocorreu? É, como a Bíblia diz, 5700 anos ou mais, ou foi há 15 bilhões de anos, que é aceito pela comunidade científica ?

A primeira coisa que temos que entender é a origem do calendário bíblico. O ano judaico é figurado pela soma das gerações desde Adam (Adão). Além disso, há seis dias que antecederam a criação de Adam. Estes seis dias são significativos também.

Agora, onde é que vamos fazer o marco zero? Em Rosh Hashaná, o Ano Novo judaico, ao tocar o shofar, a seguinte frase é dita: "Hayom Harat Olam - hoje é o aniversário do mundo.”.

Este verso poderia implicar que Rosh Hashaná (O ano novo judáico) comemora a criação do universo. Mas isso não acontece. Rosh Hashaná comemora a criação da Neshamah, a alma da vida humana. Nós começamos a contar os nossos 5.700 anos ou mais a partir da criação da alma de Adam.

Temos um relógio que começa com Adam, e os seis dias são separados a partir deste relógio. A Bíblia tem dois relógios .

Isso pode parecer uma racionalização moderna, se não fosse pelo fato de que os comentários talmúdicos de 1500 anos atrás, traz esta informação. No Midrash (Vayicrá Rabá 29:1) , uma expansão do Talmud , todos os sábios concordam que Rosh Hashaná comemora a alma de Adam, e que os seis dias de Gênesis são separados.

Por que os Seis Dias tirados do calendário? Porque o tempo é descrito de maneira diferente nesses seis dias de Gênesis. "Houve tarde e manhã" é uma estranha maneira exótica, incomum de descrever tempo.
Mais fundo no texto

Na tentativa de compreender o fluxo do tempo aqui , você tem que lembrar que os seis dias é descrito em 31 frases. Os Seis Dias da Gênesis, que deram as pessoas tantas dores de cabeça na tentativa de entender a ciência vis-a-vis a Bíblia, estão confinados a 31 frases! No MIT, na biblioteca Hayden, tivemos cerca de 50 mil livros que lidam com o desenvolvimento do universo: cosmologia, química, termodinâmica, paleontologia, arqueologia, a física de alta energia da criação. Em Harvard , na biblioteca Weidner, eles provavelmente têm 200 mil livros sobre estes mesmos temas. A Bíblia nos dá 31 sentenças. Não espere que por uma simples leitura dessas frases que você vai saber todos os detalhes, que é realizada dentro do texto. É óbvio que temos que cavar mais fundo para obter as informações.

A idéia de ter que cavar mais fundo não é uma racionalização. O Talmud (Chagiga, cap. 2) nos diz que a partir da frase de abertura da Bíblia, até o início do capítulo dois, o texto inteiro é dado em forma de parábola, um poema com um texto e um subtexto. Agora, mais uma vez, ponha-se na mentalidade de 1500 anos atrás, época do Talmud . Por que o Talmud achou que foi uma parábola? Você acha que há 1500 anos eles achavam que Deus não poderia fazer tudo em 6 dias? Era um problema para eles? Temos um problema hoje em dia com dados de cosmologia e científicos. Mas há 1500 anos, qual é o problema com 6 dias para um Deus infinitamente poderoso? Sem problemas.

Assim, quando os sábios excluíram esses seis dias do calendário, e disseram que todo o texto é uma parábola, não era porque eles estavam tentando se desculpar do que tinham visto no museu local. Não havia nenhum museu local. O fato é que uma leitura atenta do texto deixa claro que não há informações ocultas e dobradas em camadas abaixo da superfície.

A idéia de procurar um significado mais profundo na Torah não é diferente do que procurar um significado mais profundo na ciência. Assim como olhamos para as leituras mais profundas na ciência para aprender o funcionamento da natureza, assim também nós precisamos olhar para as leituras mais profundas na Torá. Rei Salomão, em Provérbios 25:11 aludiu a isso . “Uma palavra dita oportunamente é como maçãs de ouro em recipientes de prata.” Maimônides no Guia para os Perplexos interpreta este provérbio: O prato de prata é o texto literal da Torá, como pode ser visto à distância. As maçãs de ouro são os segredos mantidos dentro do prato de prata do texto da Torá. Milhares de anos atrás, nós aprendemos que existem sutilezas no texto que ampliam o caminho significado além de sua simples leitura. São essas sutilezas que eu quero ver.

História Natural e História Humana

Existem fontes judaicas antigas que nos dizem que o calendário da Bíblia é duas partes (até mesmo antecedendo Levítico Rabba que remonta quase 1500 anos e diz que explicitamente). No discurso de encerramento que Moisés faz com as pessoas, ele diz que se você quiser ver as impressões digitais de Deus no universo, 

 זְכֹר יְמוֹת עוֹלָם, בִּינוּ שְׁנוֹת דֹּר-וָדֹר 
"Lembra-te dos dias antigos, atentai para os anos das gerações sucessivas” (Devarim/Deuteronômio32: 7). 

Nachmânides , em o nome da Cabala, diz: "por que Moshé (Moisés) quebra o calendário em duas partes - os dias antigos e os anos das gerações sucessivas? " Porque, " Considere os dias antigos " são os Seis Dias da Gênesis. “ Os anos de gerações sucessivas” é o tempo de Adam para frente .

Moshé (Moisés) diz que você pode ver impressões digitais de Deus sobre o universo em uma de duas maneiras. Olhe para o fenômeno dos Seis Dias, e o desenvolvimento da vida no universo, o que é incompreensível. Ou, se isso não impressioná-lo, em seguida, basta considerar a sociedade de Adam para frente - o fenômeno da história humana. De qualquer maneira, você vai encontrar a marca de Deus.

Eu, recentemente me reuni em Jerusalém com o Professor Leon Lederman, vencedor  do Prêmio Nobel de Física. Estávamos falando de ciência, e, como a conversa continuou, eu disse: "Que tal espiritualidade, Leon?” E ele me disse: “Schroeder , eu vou falar de ciência com você, mas, tanto quanto a espiritualidade, falar com as pessoas do outro lado da rua, os teólogos". Mas, então, continuou ele, e ele disse: "Mas eu acho algo assustador sobre o povo de Israel ter voltado para a Terra de Israel"
Interessante. A primeira parte da declaração de Moisés (Moshé): "Lembra-te dos dias antigos" - sobre os seis dias de Gênesis - que não impressionou Prof Lederman . Mas os "os anos das gerações sucessivas" - história humana - que o impressionou . Prof Lederman encontrou nada assustador sobre os esquimós comerem peixe no Círculo Polar Ártico. E ele não encontrou nada assustador sobre os gregos comerem mussaca em Atenas. Mas ele vê algo real assustador sobre os judeus comer falafel na Rua Jaffa em Jerusalém. Porque não deveria ter acontecido. Não faz sentido historicamente que os judeus tivessem voltado para a Terra de Israel. No entanto, foi isso que aconteceu .

E essa é uma das funções do povo judeu no mundo. Para atuar como uma demonstração. Nós só queremos que as pessoas em todo o mundo possam entender que existe alguma brincadeira acontecendo com a história que faz com que nem tudo apenas aleatório. Que há alguma direção para o fluxo da história. E o mundo tem visto através de nós. Não é por acaso que Israel está na primeira página do New York Times, mais do que ninguém.

O que é um "Dia”?

Vamos pular de volta para os seis dias de Gênesis. Primeiro de tudo, nós agora sabemos que quando o calendário bíblico diz que 5700 anos e mais, é preciso acrescentar a isso "mais seis dias.”.
Alguns anos atrás, eu adquiri um fóssil de dinossauro, que foi datada (por duas cadeias de decaimento radioativo) com 150 milhões de anos. Minha filha de 7 anos de idade, disse: "Abba (Papai)! Dinossauros? Como pode haver dinossauros 150 milhões de anos , quando meu professor de Bíblia diz que o mundo não é nem mesmo 6000 anos de idade? " Então eu disse-lhe para olhar em Salmo 90:4 . Lá, você vai encontrar algo bastante surpreendente. Rei David disse: "Ante Ti [Deus], 1.000 anos são como 1 dia que passou, como uma vigília noturna" Talvez o tempo é diferente do ponto de vista do Rei David , que é a partir da perspectiva do Criador. Talvez o tempo é diferente. 

O Talmud (Chagiga, cap. 2) , na tentativa de compreender as sutilezas da Torah , analisa a palavra "choshech". Quando a palavra " choshech " aparece , em Gênesis 1:2, o Talmud explica que isso significa fogo negro, a energia negra, um tipo de energia que é tão poderosa que você não pode sequer vê-la. Dois versículos depois, em Gênesis 1:4, o Talmud explica que a mesma palavra - "choshech” - significa escuridão , ou seja, a ausência de luz.

Outras palavras também não são para ser entendido por suas definições comuns. Por exemplo, "mayim” normalmente significa água. Mas Maimônides diz que as declarações originais de criação, a palavra "Mayim" também pode significar os blocos de construção do universo.

Outro exemplo: Gênesis 1:5, que diz: ". “E foi tarde e foi manhã, dia um.” Esta é a primeira vez que um dia é quantificado: noite e manhã . Nachmânides discute o significado de noite e de manhã . Será que isso significa pôr do sol e o nascer do sol? Certamente é o que aparenta.

Mas Nachmânides aponta um problema com isso . O texto diz que “E foi tarde e foi manhã, dia um.”[...] Tarde e manhã, dia dois [...] Tarde e manhã o dia três. Em seguida, no quarto dia, é que o Sol é mencionado. Nachmânides diz que qualquer leitor inteligente pode ver um problema óbvio . Como temos um conceito de noite e de manhã para os primeiros três dias , se o sol só é mencionada no quarto dia? Há um propósito para o sol aparece apenas no quarto dia , de modo que, como o tempo passa e as pessoas a entender mais sobre o universo , você pode cavar mais fundo no texto.

Nachmânides diz o texto usa as palavras " Vayehi Erev " - "Foi a tarde ", mas isso não significa Ele explica que as letras hebraicas Ayin , Resh , Bet - a raiz de " erev " - é o caos . Mistura , desordem. É por isso que à noite é chamado de "erev" , porque quando o sol se põe , a visão fica embaçada . O significado literal é “havia desordem.” A palavra na Torah para "manhã" - "Boker” - é o oposto absoluto. Quando o sol nasce, o mundo torna-se "bikoret", ordenada, capaz de ser discernido. É por isso que o sol não precisa ser mencionado até o dia quatro. Porque a partir Erev (Tarde) para Boker (Manhã) é um fluxo da desordem à ordem,  do caos ao cosmos. Isso é algo que qualquer cientista irá depor nunca ocorrerá  em um sistema descontrolado . Ordem nunca surge espontaneamente da desordem e permanece ordenada. Ordem sempre se degrada ao caos, a menos que o ambiente reconheça  a ordem e a trave para preservá-la. Não deve ser um guia para o sistema. Isso é uma declaração inequívoca.

A Torá quer que a gente se surpreenda com este fluxo, a partir de um plasma caótico e acabar com a sinfonia da vida. Dia-a-dia o mundo avança para níveis mais elevados. Ordem da desordem. É termodinâmica pura. E é confirmada em uma terminologia de 3000 anos atrás.
A criação do tempo.

Cada dia da criação é numerado.  No entanto, há uma descontinuidade na forma como os dias estão contados. O versículo diz : “E foi tarde e foi manhã, dia um.” Mas no segundo dia não se diz:  "tarde e manhã , dia dois." Em vez disso, o texto diz que "tarde e manhã, dia segundo." E a Torá continua com este padrão: "E foi tarde e foi manhã, o terceiro dia [...] quarto dia [..] quinto dia [...] sexto dia". Somente no primeiro dia que o texto usa uma forma diferente, não "o primeiro dia", mas "Dia Um" ("Yom Echad” ). “Muitas traduções inglesas cometem o erro de escrever primeiro dia” (Nota do Tradutor: O mesmo ocorre nas traduções em português). Isso porque os editores querem que as coisas sejam agradáveis e consistentes. Mas jogar fora a mensagem cósmica no texto! Porque há uma diferença qualitativa, como diz Nachmânides, entre " um " e "primeiro. "Um é absoluto , primeiro é comparativo”.

Nachmânides explica que no Dia Um, o tempo foi criado. Isso é uma visão fenomenal. O tempo foi criado. Você não pode pegar o tempo. Você não precisa nem vê-lo. Você pode ver o espaço, você pode ver a matéria, você pode sentir a energia, você pode ver a energia da luz. Eu compreendo a criação lá. Mas a criação de tempo? Oitocentos anos atrás, Nachmânides alcançou essa percepção do uso dessa frase na Torá sobre a frase, "Dia Um". E isso é exatamente o que Einstein nos ensinou nas leis da relatividade: a de que houve uma criação, não apenas do espaço e da matéria, mas do próprio tempo.

Lei da Relatividade de Einstein.

Olhando para trás no tempo, um cientista vai ver o universo como sendo de 15 bilhões de anos. Mas o que é a visão bíblica do tempo? Talvez ela vê o tempo de maneira diferente. E isso faz uma grande diferença. Albert Einstein nos ensinou que a cosmologia do Big Bang traz não apenas o espaço e a matéria à existência, mas que o tempo faz parte do âmago da questão . O tempo é uma dimensão. Tempo é afetada por sua visão do tempo. Como você vê o tempo depende de onde você está vendo isso. Um minuto na Lua vai mais rápido do que um minuto na Terra. Um minuto no Sol se mais lento.  O tempo no Sol é na verdade esticado. Se pudéssemos colocar um relógio no sol, iria andar mais lentamente. É uma diferença pequena, mas mensurável e medida.

Se você pudesse amadurecer laranjas no Sol, elas demorariam mais para amadurecer. Por quê? Porque o tempo no Sol passa mais lentamente. Será que você sente que está indo mais devagar? Não, porque a sua biologia seria parte do sistema. Se você estivesse vivendo no Sol, seu coração bateria mais lentamente. Onde você estiver sua biologia está em sintonia com o horário local. E um minuto ou uma hora, onde quer que você esteja é exatamente um minuto ou uma hora.

Se você pudesse olhar a partir de um sistema para outro, você veria tempo muito diferente. Porque dependendo de fatores como gravidade e velocidade, você vai perceber o tempo de uma maneira que é muito diferente. O fluxo de tempo varia de um local para outro local. Daí o termo: a lei da relatividade.
Aqui está um exemplo: Certa noite, estávamos sentados em torno da mesa de jantar , e minha filha de 1 anos perguntou: "Como você poderia ter dinossauros? Como você poderia ter bilhões de anos cientificamente - e milhares de anos biblicamente ao mesmo tempo? Então eu disse-lhe para imaginar um planeta onde o tempo está tão esticado que enquanto vivemos dois anos na Terra, apenas três minutos vai passar naquele planeta. Agora, esses lugares realmente existem , eles são observados . Seria difícil morar lá com nessas condições , e você não podia chegar a eles também, mas em experimentos mentais que você pode fazê-lo . Dois anos vão passar na Terra, três minutos vão passar no planeta. Então, minha filha diz "Ótimo! Envie-me para o planeta. Vou passar três minutos lá. Eu vou fazer dois anos de trabalho de casa. “Eu vou voltar para casa em três minutos, e não mais lição de casa por dois anos.”
Boa tentativa. Supondo que ela tinha 11 anos, quando ela saiu, e seus amigos tinham 11. Ela gasta três minutos no planeta e  em seguida volta para casa . (O tempo de viagem não tem tempo.) Quantos anos ela terá quando ela voltar? Onze anos e 3 minutos. E seus amigos estarão com 13. Porque ela viveu três minutos, enquanto que viveu 2 anos. Seus amigos envelheceram entre 11 anos a 13 anos, enquanto ela tem 11 anos e 3 minutos.
  
Teria ela olhado para a Terra do enquanto estava no outro planeta, sua percepção do tempo na Terra seria que todo mundo estava se movendo muito rapidamente, porque em um de seus minutos, centenas de milhares de nossos minutos iriam passar. Considerando que, se olhamos da Terra para o outro planeta, ela estaria se movendo muito lentamente.

Mas o qual é correto? Três anos? Ou três minutos? A resposta é ambos. Os dois estão acontecendo ao mesmo tempo. Esse é o legado de Albert Einstein. Acontece que existem literalmente milhares de milhões de locais no universo, onde se pudesse colocar um relógio no local, iria mover tão devagar, que a partir de nossa perspectiva (se pudéssemos viver por tanto tempo) 15 bilhões de anos iria passar voando... Mas o relógio naquele local remoto iria marcar seis dias.

Viagem no tempo e o Big Bang.

Mas como isso ajuda a explicar a Bíblia? Porque afinal o Talmud, e Rashi e Nahmanides (que é a Cabala) todos dizem que seis dias de Gênesis foram seis períodos de 24 horas regulares não mais do que a nossa semana de trabalho!

Vamos olhar um pouco mais afundo. As fontes judaicas clássicas dizer que antes do início, nós realmente não sabemos o que havia. Nós não podemos dizer que antecede o universo. O Midrash faz a pergunta: Por que a Bíblia começa com a letra Beit? Porque Beit - (que é escrita como um C ao contrário - ב) é fechado em todos os sentidos e aberto somente na direção para frente. Por isso não podemos saber o que vem antes, só o que vem depois. A primeira letra é um Beit - Fechado em todas as direções e somente abertos na frente. (Nota do Tradutor: Apenas para esclarecer aqueles que não estão familiarizados com o idioma hebraico, a escrita é da direita para a esquerda. Por isso o autor afirma que  a letra Beit - ב - Está direcionada para frente, pois é a direção da leitura em hebraico). 

Nachmânides expande a declaração. Ele diz que, embora os dias são de 24 horas cada um , eles contêm " kol yemot ha-olam " - todas as idades e todos os segredos do mundo.

Nachmânides diz que antes do universo, não havia nada. Mas , de repente, toda a criação surgiu como uma partícula minúscula. Ele dá uma dimensão da partícula: algo muito pequeno como o tamanho de um grão de mostarda. E ele diz que é a única criação física . Não havia outra criação física ; todas as outras criações eram espirituais . O Nefesh ( alma da vida animal) e Neshamah (a alma da vida humana ) são criações espirituais. Há apenas uma criação física, e que a criação era um pontinho minúsculo. A particula é tudo o que havia. Qualquer outra coisa era Deus. Nesse pontinho havia toda a matéria-prima que seria usada para fazer todo o resto. Nachmânides descreve a substância como “dak me'od , ein bo mamash " - muito fina, sem substância. E como este pontinho se expandiu, esta substância - tão fina que não tem essência - se transformou na matéria como a conhecemos.

Nachmânides escreve ainda: “Misheyesh , yitfos bo zman " - a partir do momento em que a matéria formada a partir desta substância sem substância, o tempo se agarra. Não "começa". O tempo é criado no início. Mas o tempo "se agarra". Quando condensa a matéria, solidifica , aglutina, fora desta substância tão fina que não tem essência - que é quando o relógio bíblico dos seis dias começa.

A ciência tem mostrado que há apenas uma " substância sem substância" que pode mudar matéria. Isso é energia. A famosa equação de Einstein, E=MC², nos diz que a energia pode se transformar em matéria. E uma vez que a energia se transforma em matéria, o tempo se une a ela.

Nachmânides fez uma declaração fenomenal. Eu não sei se ele sabia que das leis da relatividade [no século XIII]. Mas nós a conhecemos agora. Sabemos que a energia - raios de luz, ondas de rádio , raios gama, raios-x - todas as viagens na velocidade da luz, 300 milhões de metros por segundo. À velocidade da luz , o tempo não passa. O universo estava envelhecendo, mas o tempo só agarra quando a matéria está presente. Este momento de tempo antes que o relógio começa a Bíblia , durou cerca de 1/100.000 de um segundo. Um tempo minúsculo. Mas naquele tempo, o universo se expandiu a partir de uma minúscula partícula , até o tamanho do Sistema Solar. Daquele momento em diante , temos a matéria , e o tempo corre para a frente. O relógio bíblico começa aqui.

Agora, o fato de que a Bíblia nos diz que houve “... foi tarde e foi manhã, dia um" ( e não " o primeiro dia " ) vem para nos ensinar o tempo a partir de uma perspectiva bíblica. Einstein provou que o tempo varia de lugar para lugar no universo, e que o tempo varia do ponto de vista da perspectiva no universo. A Bíblia diz “foi tarde e foi manhã dia um."

Agora, se a Torah estava vendo o tempo desde os dias de Moshé (Moisés) e o Monte Sinai - muito tempo depois Adam - o texto não teria escrito o primeiro dia. Porque no Sinai, centenas de milhares de dias já passaram. Havia um monte de tempo com que comparar o primeiro dia. A Torah teria dito “O primeiro dia”. No segundo dia de Gênesis , a Bíblia diria “ segundo dia", porque já foi o primeiro dia com o que compará-lo . Pode-se dizer, no segundo dia, "o que aconteceu no primeiro dia. " Mas, como Nahmânides apontou, você não poderia dizer no primeiro dia , "o que aconteceu no primeiro dia", porque "em primeiro lugar" implica comparação - uma série já existente . E não havia série existente. Um dia era tudo que havia.
Mesmo que a Torá estivessem vendo o tempo por Adam , o texto teria dito que "primeiro dia", porque, por sua própria declaração, havia seis dias. A Torá diz "Dia Um", porque a Torá está olhando para frente desde o início. E ela diz: Qual é a idade do universo? Seis dias. Vamos ver o tempo até Adam. Seis dias. Se olharmos para trás no tempo, diremos que o universo é de aproximadamente 15 bilhões de anos. Mas todo cientista sabe que, quando diz que o universo tem 15 bilhões de anos, há outra metade da frase nunca dizemos. A outra metade da frase é: O universo é de 15 bilhões de anos como pode ser visto a partir das coordenadas do espaço-tempo que existimos na Terra. Essa é a visão de Einstein da relatividade. Mas e se esses bilhões de anos fossem percebidos de perto o início de tudo?

A chave é que a Torá olha para frente no tempo, de muitas coordenadas espaço-tempo diferente, quando o universo era pequeno . Mas, desde então, o universo se expandiu. Espaço estica, e que se estenção do espaço muda totalmente a percepção do tempo.

Imagine que em sua mente voltar bilhões de anos atrás para o início dos tempos. Agora imagine seu caminho de volta no início dos tempos, quando o tempo se agarrar , há uma comunidade inteligente. (E totalmente fictícia.) Imagine que essa comunidade inteligente tem um laser, e eles vão atirar uma raio de luz, e a cada segundo vai do pulsar. A cada segundo - pulso. Pulso. Pulso. Ele dispara a luz, e em seguida, milhares de milhões de anos mais tarde, bem distante da linha do tempo, nós aqui na Terra temos uma grande antena de satélite, e recebemos  esse pulso de luz . E nesse pulso de luz é impressa (informações impressa em luz é chamada de fibra óptica - o envio de informações por luz), “Estou lhe enviando um pulso a cada segundo.” E, em seguida, um segundo passa e os próximos pulsos são enviados.

A luz viaja 300 milhões de metros por segundo. Assim, os dois pulsos de luz são separados por 300 milhões de metros no início. Agora, eles viajam pelo espaço há bilhões de anos, e eles estão indo para atingir a Terra a bilhões de anos depois. Mas espere um minuto. O universo é estático? Não. O universo está se expandindo. Essa é a cosmologia do universo. E isso não significa que ele está se expandindo em um espaço vazio do lado de fora do universo. Só há o universo. Não há espaço fora do universo. O universo se expande pelo espaço do próprio alongamento. Assim como estes pulsos passam por bilhões de anos de viagem, o universo e o espaço são de alongamento. Como o espaço está se alongando, o que está acontecendo com esses pulsos? O espaço entre elas é também se alongam. Assim, os pulsos realmente chegam mais longe e além.

Bilhões de anos depois, quando o primeiro pulso chegar, nós dizemos: “Uau! Um pulso!" E escrito nele está a mensagem "Estou lhe enviando um pulso a cada segundo." Você chama todos os seus amigos, e você espera para o próximo pulso para chegar. Será que chegará um segundo depois? Não! Um ano mais tarde? Talvez não. Talvez bilhões de anos mais tarde. Porque, dependendo de quanto tempo este pulso de luz tem viajado através do espaço, vai determinar a quantidade de alongamento do espaço entre os pulsos. Isso é astronomia padrão.

15 bilhões ou seis dias ?

Hoje, olhamos para trás no tempo. Vemos 15 bilhões de anos . Olhando para frente a partir de quando o universo é muito pequeno - bilhões de vezes menor - a Torá diz seis dias. Ambos podem estar corretas.
O que é interessante sobre os últimos anos da cosmologia é que agora foram quantificados os dados para saber a relação da “visão do tempo”, desde o início, em relação à "visão do tempo" de hoje. Não é mais ficção científica. Qualquer um de uma dúzia de todos os livros de texto de física traz o mesmo número. A relação geral entre o tempo perto do início quando a matéria estável formada a partir da luz (a energia, a radiação electromagnética da criação ) e tempo , hoje, é um milhão de milhões. É 1 com 12 zeros depois dele. É a razão sem unidades. Assim, quando alguém observando desde o início olhando para frente diz: "Eu estou te enviando um pulso a cada segundo", Nós iremos ver a cada segundo? Não. Nós veríamos a cada milhão de milhões de segundos. Porque esse é o efeito de alongamento da expansão do universo. Em astronomia, o termo é " desvio para o vermelho” (red shift). O Desvio para o vermelho em dados astronômicos observados é padrão.

A Torá não diz a cada segundo, não é? Diz Seis Dias. Como vemos esses seis dias de hoje? Se a Torá diz que estamos enviando informações por seis dias, teria que receber essas informações como seis dias de hoje? Não. Nós receberia essa informação como seis milhões de milhões de dias . Porque a perspectiva da Torá é desde o princípio olhando para frente.

Seis milhões de milhões de dias é um número muito interessante. O que seria isso em anos? Dividir por 365 e se torna 16 bilhões de anos. Essencialmente, a estimativa da idade do universo. Não é um mau palpite para 3300 anos atrás.

A forma como essas duas figuras se igualam é extraordinário. Eu não estou falando como um teólogo, eu estou fazendo uma afirmação científica. Eu não puxei esses números de um chapéu . É por isso que levei muito lentamente a explicação, para que você possa segui-la passo- a-passo.
Agora podemos dar um passo adiante. Vamos olhar para o desenvolvimento da época, dia-a- dia, com base no fator de expansão. Toda vez que o universo funciona , a percepção do tempo é reduzido para metade . Agora, quando o universo era pequeno, ele estava dobrando muito rapidamente. Mas como o universo se torna maior, o tempo de duplicação fica maior. Este ritmo de expansão é citado em " Os Princípios da Cosmologia Física", um livro que é usado literalmente ao redor do mundo .
( No caso de você querer saber , essa taxa exponencial de expansão tem um número específico em média de 10 a 12ª potência, De fato, a temperatura do confinamento do quark, quando a matéria congela a partir da energia : 10,9 vezes 10 elevado à 12 ª potência graus Kelvin dividido por ( ou a razão de ) a temperatura do universo de hoje, 2,73 graus. Essa é a razão inicial que muda exponencialmente à medida que se expande o universo ).

Os cálculos foram obtidos como se segue:

• O primeiro dos tempos bíblicos durou 24 horas, visto a partir da “perspectiva do princípio do tempo.” Mas a duração da nossa perspectiva era de 8 bilhões de anos.
• O segundo dia, a partir da perspectiva da Bíblia durou 24 horas. De nossa perspectiva durou metade do dia anterior, 4 bilhões de anos.
• O terceiro dia de 24 horas também incluiu metade do dia anterior, 2 bilhões de anos.
• O quarto dia de 24 horas - um bilhões de anos.
• O quinto dia de 24 horas - meio bilhões de anos.
• A hora sexta, dia 24 - um quarto de bilhão de anos.

Quando você somar os seis dias , você terá a idade do Universo em 15 e 3/4 bilhões de anos. O mesmo que a cosmologia moderna. É por acaso?

Mas há mais. A Bíblia nos e diz o que aconteceu em cada um desses dias. Agora você pode pesquisar na cosmologia, paleontologia, arqueologia, e olhar para a história do mundo, e ver se eles se combinam dia-a-dia. E eu vou te dar uma dica. Eles se combinam tão próximo o suficiente para enviar arrepios na espinha.

Traduzido por André Ranulfo

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Dr. Gerald Schroeder obteve os titulos de Bacharel, Mestre e Doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). É autor dos livros Genesis and the Big Bang, sobre a descoberta da harmonia entre a ciência moderna e a Bíblia, editado pela Bantam Doubleday e já traduzido em sete idiomas; The Science of G-d e The Hidden Face of G-d, editados pela divisão Free Press da Editora Simon & Schuster. Leciona na Faculdade de Estudos Judaicos “Aish HaTorah”. 

Nota do tradudor: As passagens bíblicas foram transcritas da "Bíblia Hebraica" da Editora Sefer.